Notificações de violência disparam em 2023 e batem novo recorde em Campinas; entenda motivos
20/11/2024
Na metrópole, violência física é a mais comum e as mulheres são as vítimas mais frequentes. Entre as crianças, abandono ou negligência representam 44% dos casos. Violência contra a mulher
G1
As notificações de violência em Campinas (SP) cresceram 26% em 2023 e bateram um novo recorde, segundo dados divulgados pela Prefeitura de Campinas nesta terça-feira (19). As mulheres adultas são a maioria das vítimas na metrópole. Entenda o perfil nesta reportagem.
No total, foram 3.634 notificações em 2023, o maior valor da série histórica iniciada em 2009, ante 2.886 de 2022. Os dados são do Boletim Sisnov, o Sistema de Notificação de Violência em Campinas e incluem casos contra crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Apesar de admitir que ainda há um cenário de subnotificação, o município aponta no boletim três motivos que levaram ao crescimento dos casos de violência em 2023:
Efetivo crescimento nos índices de violência no município;
Aumento na percepção da violência, motivando um maior procura pelos serviços;
Maior sensibilização dos profissionais envolvidos no atendimento às vítimas de violência.
"É fundamental reconhecer que a subnotificação no Brasil, assim como em Campinas, permanece como um grande desafio. Diversos fatores, como desconfiança nas instituições, medo, culpa, dificuldades de acesso aos serviços e o não reconhecimento de determinadas formas de violência, contribuem para a existência da subnotificação", diz o boletim.
Tipos de violência
No acumulado dos últimos 5 anos, a violência física foi a principal notificação realizada em Campinas, seguida por tentativa de suicídio ou suicídio. Veja abaixo a proporção de cada tipo:
Violência física: 34%
Tentativa de suicídio ou suicídio: 23%
Violência sexual: 16%
Negligência/abandono: 15%
Psicológica/moral: 8%
Trabalho infantil: 3%
Financeira/econômica: 1%
Outros: 1%
Violência contra mulher
Vítima de violência contra a mulher
Reprodução/EPTV
Segundo os dados do boletim, 71% das notificações são de vítimas do sexo feminino. Entre as mulheres, a faixa etária mais atingida é a de 30 a 39 anos e o tipo de violência mais frequente é a física, com 46,3%, seguida por tentativas de suicídio com 27,5%.
"Ambos os tipos apresentaram um crescimento significativo nos últimos dois anos, o que reforça a urgência em implementar estratégias de intervenção e suporte direcionadas à população feminina vítima de violência", aponta o boletim.
Violência contra crianças e adolescentes
O boletim destaca que a violência contra crianças (até 12 anos) e adolescentes (12 a 17 anos) tiveram uma disparada significativa entre 2019 e 2023. O crescimento foi de 47,7% e 44,7%, respectivamente.
Entre as crianças, a violência mais notificada foi abandonado ou negligência (44%), seguida pela violência sexual (29%), sendo esta última a que mais cresceu desde 2019.
"Chama atenção o número de casos em que as próprias famílias, responsáveis primárias pelo cuidado e proteção das crianças, se tornam autoras de violência, subvertendo o papel esperado do lar de lugar seguro e de acolhimento", diz o documento.
No público adolescente, as violências mais notificadas foram tentativa de suicídio (25%), violência física (20,7%) e violência sexual (20,2%).
"O elevado número de tentativas de suicídio na faixa etária de adolescentes, demanda uma resposta urgente, intra e intersetorial, multidisciplinar e com investimentos na promoção de programas de conscientização para a redução do comportamento suicida e desmitificação dos tabus e mitos sobre o agravo e outras questões, como a saúde mental", destaca o documento.
Violência contra idosos
Entre o público idoso, aquele acima de 60 anos, as violências mais comuns foram a física (35%), abandono e negligência (27%) e psicológica (16%). A mulheres, assim como nas outras faixas etárias, foram a maioria das vítimas.
"No município, onde as mulheres representam 57,9% dos idosos (IBGE 2022), o percentual de notificações de violência contra elas é alarmante (71,7%)", destacou o boletim.
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